terça-feira, 28 de setembro de 2010

Um texto inteligente para compreender o momento da Igreja católica

As relações Igreja /Estado mudaram, mesmo nos países de grande influência católica. Foram-se os tratamentos especiais. “Os dias em que as autoridades civis trataram a Igreja com luvas de pelica basicamente acabaram”, escreve John L Allen Jr. no “National Catholic Reporter”, num texto inteligente para compreender o ambiente católico na actualidade.

“Cada vez mais, procuradores, polícia e activistas da sociedade civil olham para a Igreja católica aproximadamente da mesma forma com que olham para o grande negócio, para o lobby e a política, até mesmo para o desporto profissional – como zonas potenciais de corrupção que precisam ser responsabilizadas e que de forma alguma devem estar «acima da lei»".

Isso pode fazer muito bem à Igreja, tornando-a uma "casa de vidro", em que “todos do lado de fora podem olhar e ver o que está a acontecer”. No entanto, a curto prazo, “é provável que isso signifique que os pontos de ebulição entre Igreja e Estado vão crescer tanto em frequência quanto em intensidade”.

Por outro lado, daqui em diante, pode acontecer, e já acontece: Primeiro dispara-se e só depois se pergunta.

Outra questão não menos importante – aliás, mexe com a maioria dos fiéis católicos, pelo menos no Ocidente europeu –, prende-se com a diferença entre o que a Igreja ensina e o que os fiéis praticam. Pensemos principalmente na moral sexual embora aconteça igualmente nas questões sociais. “Diante dessas divisões, um grupo poderia defender uma revisão global do ensino da Igreja para o acomodar às sensibilidades pós-modernas; outro grupo poderia defender a expulsão de qualquer pessoa que não esteja preparada para assinar por baixo; e outro grupo poderia ainda defender que se ignore o problema completamente”, diz o jornalista do “National Catholic Reporter”. E acrescenta que se trata, respectivamente, de grupos liberais, conservadores e alguns bispos.

O caminho de saída preconizado por Allen é muito interessante: “Sinceramente, nenhuma das opções acima parece ser uma solução especialmente satisfatória. O que é necessário é a reconstrução de um «commons católico», um espaço em que os membros das várias tribos que pontilham a paisagem eclesiástica se possam reunir e construir amizades, de modo que uma profunda «espiritualidade de comunhão» possa ocorrer. Do outro lado desse esforço, as novas formas de expressar as verdades eternas podem surgir, o que pode atenuar, embora talvez nunca eliminar completamente, as linhas de fractura na Igreja”.

O texto original pode ser lido aqui. Versão (parcial) em português aqui.

1 comentário:

cathy disse...

li.muito interessante.
abraço

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