sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Entrevista ao bispo Jacques Gaillot


Há dias referi o bispo Jacques Gaillot, destituído da sua diocese de Evreux e dedicado à diocese virtual de Partenia (aqui). Pois no dia 20 de Janeiro de 2011, o portal esquerdista brasileiro “Carta Maior” fez-lhe uma entrevista. Fica-se a saber que processo político-eclesial da destituição foi e continua a ser obscuro. Por outro lado, o bispo mantém uma voz profética, necessariamente incómoda, quando diz:
A situação atual é perversa e destruidora tanto para os indivíduos como para a Igreja. O Vaticano é a última monarquia absoluta da Europa. A Igreja deve aceitar a democracia em todos os níveis. E deve mudar de modelo porque o atual não é evangélico.
E aponta algumas situações:
A Igreja deve mudar, modernizar-se, reconhecer que os casais têm direito a se divorciar e a usar a camisinha, que as mulheres podem abortar, que homens e mulheres podem ser homossexuais e se casar, que as mulheres podem chegar ao sacerdócio e ter acesso às esferas de decisão. Deve-se revisar a disciplina do celibato para que os sacerdotes possam amar como qualquer outro ser humano, sem ter que viver relações clandestinas, como delinquentes.
Ora, na questão do aborto, não vejo como é que a Igreja pode “modernizar-se”. Pode mudar alguma prática pastoral, mas não pode mudar o princípio da defesa da vida humana desde o princípio até ao fim.

Por outro lado, realça o dever e valor da justiça.
Eu julgo uma sociedade em função do que ela faz pelos mais desfavorecidos. E é claro que eu só posso fazer um juízo severo, porque na França não se respeita a todos os seres humanos. Para mim o problema número um é a injustiça que reina por toda parte. Os que estão no poder não investem nos pobres. Temos um governo que só favorece os ricos. Por isso temos três milhões de pobres.
(…)
Como disse o escritor Victor Hugo: “Fazemos caridade quando não conseguimos impor a justiça”. Porque não é de caridade que necessitamos. A justiça vai às causas; a caridade, aos efeitos. Eu não estou dizendo que não se deve ajudar com um prato de sopa ou um abrigo a quem está nas ruas. Existem urgências. Eu faço isso, mas minha consciência não fica tranquila, porque penso que devemos lutar contra as causas estruturais que prendem essas pessoas na injustiça. O mais triste é que as pessoas vão se acostumando com a injustiça. E eu digo: Despertem! Tenham vergonha! Vamos nos indignar contra a injustiça!
Mas parece sacrificar o da democracia, quando opta incondicionalmente pelos palestianianos em detrimento de Israel (“Estado colonialista”, diz) e diz o que diz de Cuba.
Cuba. Este é um país que tem futuro. Eu pude constatar que é um povo digno, corajoso e solidário. Em Cuba pode haver pobreza, mas não existe a miséria que se vê em qualquer país da América Latina, ou na França, ou nos Estados Unidos. Apesar do bloqueio imposto pelos EUA, todos têm saúde e educação gratuita, e ninguém dorme nas ruas. É incrível!
Dá a sensação que a ideologia de Esquerda lhe deturpa o olhar. É mesmo preciso sacralizar a Esquerda radical para defender a justiça e os pobres? Para desejar mudanças eclesiais? Ler a entrevista toda aqui.

1 comentário:

Anónimo disse...

Já agora os travestis também poderiam ser bispos...

Só há doze bispos no mundo. São todos homens e judeus

No início de novembro este meu texto foi publicado na Ecclesia. Do meu ponto de vista, esta é a questão mais importante que a Igreja tem de ...