segunda-feira, 30 de maio de 2011

Com mais mulheres, a linguagem da Igreja seria mais significativa

Stella Morra

Não são as mulheres que precisam de cargos eclesiásticos. São os cargos que precisam das mulheres. Eu apoiaria nisto uma teologia defensora do sacerdócio ministerial das mulheres. Parece-me que Stella Morra concordaria com as frases, embora a questão do sacerdócio não seja abordada. Nem pode ser. Perderia o seu lugar pelo menos na universidade pontifícia em que ensina, ela que também é colaboradora do "Átrio dos Gentios". Mas vale a pena ler a entrevista esta teóloga católica (sítio pessoal aqui), principalmente pelo que diz da teologia e da presença da Igreja no mundo. Dois excertos:

Pode-se dizer que a presença feminina poderia ajudar na resolução de alguns problemas? 
Eu não sei se os resolveria, mas certamente seria uma contribuição possível, que hoje falta, no entanto. O caso da teologia é profundamente emblemático. A teologia tem uma dificuldade neste momento de repensar a si mesma como ciência, não tanto nos conteúdos, mas no diálogo com relação às outras ciências e à situação do mundo, ou seja, na sua qualidade de ser uma ciência significativa. Desse ponto de vista, a contribuição das mulheres traria um saber prático que falta radicalmente. E se pode dizer que, pelo menos, não seria mais autorreferencial, porque seria uma teologia não imaginada para se tornar padre, mas deveria necessariamente se repensar em termos de qualidade. Desse ponto de vista, a teologia é um bom teste, mas o mesmo se aplica às estruturas da vida eclesial e muito mais.
(...) 
Problema da linguagem e dos más traduções tão frequentes… 
O problema comunicativo esconde na Igreja um problema hermenêutico que é ainda mais grave. Discute-se sobre os termos esquecendo o fato de que esses termos não importam mais a ninguém. É uma discussão entre sofistas, e não se sabe mais sobre o quê. Existe um linguístico comunicativo, e, por exemplo, seria preciso evitar os erros de tradução. Mas o fato de esses erros ocorrerem, se repetirem, significa que não é mais automaticamente evidente a relevância de algumas coisas.
Há uma radical irrelevância: estamos tergiversando sobre uma série de questões, enquanto, com tudo o que está acontecendo ao nosso redor – dos imigrantes à mudança dos cenários do Mediterrâneo, passando por como o mundo oriental está enfrentando a questão japonesa, à discussão sobre a energia nuclear, à proteção do planeta – nos mostramos, como Igreja, totalmente incapazes de dizer uma palavra.
Ler a entrevista toda aqui

3 comentários:

Anónimo disse...

Concordo. Fazem mais falta as mulheres a certos cargos eclesiásticos do que os cargos eclesiásticos às mulheres.
O mais estranho é que a discriminação persista. Mas o mais grave é que ela seja atribuída à vontade de Jesus!
Sem palavras!

Anónimo disse...

Graça e Paz!
Se levarmos em conta o que está na Bíblia, que é o que interessa, não vejo nenhuma mulher como referência ao cargo de:(apóstola ou bispa).Por que será?

Anónimo disse...

Por esse prisma, deveras estreito e literal, todos os apóstolos e bispos teriam de ser judeus. É o que está na Bíblia. A questão é nada está excluído. E há muitas mulheres com funções dirigentes na Igreja primitiva. O que nos falta é a largueza de horizontes dos começos!
Na paz e serenidade, alargaremos o que ainda permanece estreito.

Só há doze bispos no mundo. São todos homens e judeus

No início de novembro este meu texto foi publicado na Ecclesia. Do meu ponto de vista, esta é a questão mais importante que a Igreja tem de ...