quinta-feira, 19 de abril de 2012

Dois amigos do Papa com ideias claras sobre a missão papal



O vaticanista Marco Tosatti, nos sete anos do atual pontificado, completados hoje,  pensa que Bento XVI está a fazer um ótimo trabalho, desmentindo os que pensavam que seria um papado de transição (eu, em 2005, temia que não fosse).
Como? Muito poucos sabem que grande parte do tempo e do empenho de Bento XVI ele a leva em silêncio, sem chamar a atenção (e não poderia) dos meios de comunicação, mas que é fundamental para a vida da Igreja: justamente para evitar que dentro de alguns anos a mídia tenha motivos, pouco alentadores, para ocupar-se dela. 
Bento XVI está convencido de que a força (e as fragilidades) da Igreja se encontra nas dioceses, nas Igrejas locais. Durante o Pontificado de João Paulo II, muitas vezes, as decisões dos bispos eram delegadas aos presidentes das Conferências Episcopais, aos núncios e a outros personagens da Igreja central e das Igrejas locais. O então Papa, caso o que se conta estiver correto (e não temos motivos para duvidar disso), durante os últimos anos de sua vida se limitava a assinar documentos. João Paulo II com frequência delegava, confiava em seus colaboradores, embora nem sempre com os resultados desejados, como mostra a história. 
Bento XVI tem um estilo diferente. Estuda todas as “potências” (assim se chamam os expedientes preparados para os três candidatos de todas as dioceses), estuda as carreiras acadêmicas e a experiência dos possíveis futuros bispos e, depois disso, toma uma decisão. E não raro pede que lhe apresentem outros candidatos, uma vez que nenhum daqueles que integram a “terna” o satisfazem. É um trabalho entediante, pouco atrativo, mas a Igreja das próximas décadas ficará agradecida por isso. 
É o estilo de Bento.


Isto foi publicado no Vatican Insider, no dia 15 de abril. Por estes dias, no Religión Digital, um artigo em linha oposta. Leonard Swidler, professor em Filadélfia (EUA), recorda-se dos tempos em que era professor convidado de Tubinga, onde Joseph Ratzinger era titular. Escreve o norte-americano, precisamente sobre a nomeação dos bispos:
Mientras fuiste profesor de nuestra Universidad de Tubinga, junto al resto de tus colegas de la Facultad de Teología Católica, defendiste públicamente 1) la elección de obispos por parte de los fieles, y 2) el mandato limitado de los obispos (ver el libro 'Obispos Democráticos para la Iglesia Católica Romana'). 
Ahora, condenas a sacerdotes leales por hacer justamente lo que tú defendías tan noblemente. Ellos, y muchos, muchos otros en la Iglesia católica universal, están siguiendo tu ejemplo juvenil, tratando desesperadamente de impulsar a nuestra amada Madre Iglesia hacia la Modernidad. 
Utilizo deliberadamente la palabra 'desesperadamente', porque justamente en tu patria, Alemania, y en otros muchos sitios de Europa, las Iglesias están vacías, y así se encuentran también muchos corazones católicos, cuando escuchan las palabras escalofriantes que llegan de Roma y de los obispos 'radicalmente obedientes'.
Texto de Marco Tosatti aqui.
Texto de Leonard Swidler aqui.

7 comentários:

Anónimo disse...

Bento XVI passa a pente fino todas as nomeações. Quer saber quem são as pessoas que são ordenadas de bispos. Coisa que João Paulo II não fazia. A fonte é seguríssima. Por isso o post está excelente.

Anónimo disse...

Gostava muito de saber quem foram os outros dois indicados para a diocese de Bragança-Miranda e porque razão foram preteridos. Como católico praticante deveria ter o direito de saber. A falta de transparência da Igreja Católica há-de levá-la à bancarrota.
Gosto muito do bispo D. José Cordeiro, é um homem muito trabalhador, atento à diocese, culto,muito inteligente, bem educado e simpático com toda a gente. Um excelente bispo! No entanto, gostaria de saber...

Anónimo disse...

Ora aí está! Eu também gostava de saber muita coisa... Mas esta não a sei. Lisboa teve azar com o bispito auxiliar que lá têm agora.

Anónimo disse...

Pois, mas Bragança teve sorte, apesar de não sabermos quem foram os tais outros dois e porque o Papa preferiu escolher José Cordeiro para bispo. Seria por os outros dois não serem tão cultos? Seria por Dom José ter 44 anos e ser o 44º bispo?

Anónimo disse...

"Bragança teve sorte"? talvez seja birra, mas depois de ter lido o novo Bispo de Bragança a dizer, numa entrevista, que o Alcorão é um livro de paz, fiquei esclarecido quando ao seu saber.

Fernando d'Costa

Anónimo disse...

Em que entrevista o bispo de Bragança fez tal afirmação? Não basta denunciar, é necessário esclarecer onde e quando, para que possamos verificar, não lhe parece?

Anónimo disse...

Também não sei em que entrevista o bispo fez essa afirmação, mas acredito que a tenha feito. Muito embora por aqui apareçam muitos admiradores (ou admiradoras) do mais novo bispo, que lhe enaltecem as virtudes, quanto a mim, daquilo que vou vendo pelos meandros da igreja católica Bragançana e do seu "pastor", as coisas não são bem assim... O homem não é assim tão santinho como o querem fazer parecer.

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