quinta-feira, 26 de abril de 2012

Sabe o que se celebra a 15 de agosto? E depois?


Na "Sábado" de hoje. Por momentos, pareceu-me que o opinador fazia um manguito aos católicos. Influências da ascendência. Quanto aos argumentos, o da ignorância, tipo "os católicos não sabem o que se comemora no 15 de agosto", não serve para nada. Os portugueses sabem o que se comemora no 25 de Abril? Ontem, perguntei a um aluno do oitavo ano e ele disse-me que foi quando "os liberais tomaram o poder aos absolutistas". Fiquei admiradíssimo por ele ter ouvido falar de liberais e absolutistas - a conversa derivou logo para os jogos on-line, em que o miúdo é anafadamente uma sumidade.

De qualquer forma, as pessoas que mesmo sem saberem comemoram numa igreja o 15 de agosto, o 1 de janeiro e o 8 de dezembro davam para encher de boa vontade, isto é, sem sono nem cara de enjoo como ontem se viu,  milhares de Assembleias da República.

Acabar ou continuar com feriados nada tem a ver com a sabedoria / ignorância de quem os defende. Terá mais a ver com a adesão à sua comemoração. Até de um ponto de vista democrático temos de aceitar que a adesão do mais ignorante dos católicos a um feriado religioso vale tanto como a do mais iluminado na comemoração de um feriado civil.

Aliás, continuo a achar que verdadeiramente feriados são os religiosos. Os outros são uma tentativa de sacralização de um tempo, imitando a religião com rituais, espaços e memórias. Os católicos diziam dos feriados religiosos "dias santos de guarda". No plano civil é o que se tenta fazer: dias civis de guarda, mas com uma adesão residual, exceptuando uma ou outra manifestação nos grandes centros.

Mas a isto tenho de acrescentar que numa perspetiva cristã todo o tempo é profano - porque só Deus é santo e também o "Sábado é para o ser humano" - ao mesmo tempo que, pela imanência de Deus, a encarnação, todo o tempo é sagrado. Por outras palavras. Só o domingo é necessário. De resto, numa perspetiva que suponho genuinamente cristã, a Igreja poderia abdicar de qualquer feriado sem o mínimo problema. Só "não podemos viver sem o domingo". Em latim: "Quoniam sine domino non possumus vivere".

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