segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Alberto Gonçalves, a economia, a esquerda e Francisco

Alberto Gonçalves escreveu no DN de ontem:

O reino dos céus
Perante as críticas do Papa Francisco ao capitalismo e aos "mercados", as pessoas que gostam do Vaticano recordam que isso não é mais do que a costumeira doutrina social da Igreja. As pessoas que abominam o Vaticano acham que a retórica é novidade e não só vai arrasar o capitalismo e os "mercados" como, se a coisa correr pelo melhor, arrasará a Igreja. Eu, neutro na matéria, prefiro notar que, apesar do aparente embaraço de uns e do evidente entusiasmo dos outros, o próprio Papa talvez fizesse melhor em começar por comentar o desemprego, a pobreza e a fome nos felizardos países sem inclinações capitalistas e nos quais os mercados se limitam aos lugares onde o povo compra, quando consegue comprar, hortaliças e galinhas. Se a devoção materialista tem muitos defeitos, uma virtude ninguém lhe nega: não se confunde com nenhuma das maravilhosas alternativas disponíveis.

3 comentários:

Euro2cent disse...

> comentar o desemprego, a pobreza e a fome nos felizardos países sem inclinações capitalistas

Talvez o Papa queira que as pessoas desses países "sem inclinações capitalistas" possam olhar para os países que as têm e invejar a inexistência de desemprego, pobreza e fome.

Porque se é para estarem na fossa à mesma, não vale a pena incomodarem-se, não é?

É só uma ideia.

Anónimo disse...

É uma pena não termos a sorte do Sr. Alberto Gonçalves em arranjar um curso superior (nem dos mais difíceis), umas folhas onde espalhar o ego e a suposta sapiência e talvez uma universidadezita onde ganhar uns cobres. A maior parte de nós tem uma vida menos facilitada e se calhar não havia cá espaço se fossemos todos como ele. Daí termos que aguentar os horários e os empregos desumanos e mal pagos,
a permanente competição pela sobrevivência com uma multidão de iguais, a condenação à eterna miséria e cara alegre para agradecer aos cristianíssimos capitalistas reformados donos dos fundos de pensões a quem chamamos mercados.
Mas não perdem pela demora, eles e os Srs. Albertos Gonçalves. A História ensina-nos que quando o jugo é cruel, as cadeias rebentam e não há retórica, científica ou religiosa que segure a raiva de um povo ao qual não pertencem.
O Papa Francisco sabe desse perigo e percebeu que o capitalismo é apenas tão desumanizante como outra crença social qualquer, pintem-no como quiserem.

Anónimo disse...

Perante a grandeza de um Papa Francisco há sempre a pequenez, a parolice, o pretensiosismo de um qualquer senhor Alberto Gonçalves ou de um senhor Oliveira da Figueira (Hergé, As Aventuras da Troika no País do Cavaco - álbum inédito)...

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